domingo, 11 de outubro de 2020

ESTOU SÓ

 Nesta casa vazia de esperança

sopra uma brisa fresca

através das janelas viradas para o mar.

As minhas mãos abertas suplicam por ternura

os meus cabelos ondulando ao vento

clamam por uma fuga

montados num corcel branco.

As minhas mãos,

as minhas entranhas,

o meu eu,

está sedento de carinho

Estou só!

Ouço o barulho do vento

o ribombar do trovão

a chuva que cai impiedosa

fustigando os vidros das janelas

e já nada me assusta

Estou só!

Procuro algures num canto da casa

numa gaveta fechada

entre as folhas de um livro

um beijo escondido

mas não encontro

Estou só!

Todos os sonhos caíram

e o tempo é tão escasso

para os recuperar

a noite aproxima-se

muda e impiedosa.

Duas lágrimas soltam-se

e deslizam suavemente pelo meu rosto

sinto um aperto no peito

uma dor infinita 

Dói... e como dói

Estou só!


Fernanda Cabral


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