A MENINA E A PÓVOA DO VARZIM
Início de Verão vez década de sessenta, o dia nascera ensolarado e prometia um belo dia de calor e de sol.
Uma menina enviada no seu belo vestido branco às bolinhas azuis e laçarote na cabeça, parte com seus pais para um passeio à Póvoa do Varzim; terra de pescadores e poetas de beleza sem par.
Quando chega vai fazer uma visita guiada para conhecer um pouco da cidade.
Vê o Monumental Casino da Póvoa inaugurado em 1934, os Paços do Concelho com a sua arcada da frontaria desenhada em 1790-91 pelo engenheiro francês de seu nome Reinaldo Infinito, a Igreja Matriz datada do século XVIII com os seus altares em talha dourada, de uma beleza impressionante, além de outras coisas com igual interesse mas quando atravessa a larga avenida, um mar de esperança inunda os seus olhos; nunca tinha visto um assim: calmo, dócil, com as ondas maneirinhas a beijar a areia ternamente. Tira as sandálias que lhe cobrem os pés e corre pela areia alegremente, levando a mãe no seu encalço; passa por um grupo de pescadores que remendam as suas redes e quando chega mais perto a sua boca solta um " oh" de admiração; dezenas de estrelas salpicavam a areia, dormindo placidamente enquanto o mar às refrescava.
- Olha mãe tantas estrelas! Elas caíram do céu? Como vieram cá parar?
- E a mãe respondia: Não filha, não caíram, isso são estrelas do mar.
- Mas o mar também tem estrelas mãe?
As perguntas surgiam em catadupa e saltavam do coração para a boca e da boca para o coração.
- Posso apanhar estrelas mãe?
- Podes filha!
E a menina apanhou uma, e outra, e outra....
No regresso a casa, aconchegou-as no seu colo como se de um tesouro se tratasse.
E na verdade era um tesouro; eram pedacinhos de céu e de mar da Póvoa do Varzim.
Fernanda Duarte Cabral
( Menção honrosa num concurso literário da Póvoa do Varzim)