sábado, 28 de dezembro de 2024

TALVEZ, UM DIA...

 Às vezes queria viver

num cantinho do teu olhar

nesse olhar tão límpido 

como as águas mansas do rio

onde os pássaros fazem os ninhos

e bordam sorrisos multicolores.

Queria aninhar-me e ser embalada 

ao ritmo de uma canção de ninar

mas às vezes, preciso de ir embora

mesmo querendo ficar

ficar quieta e calada

a sonhar esquecida 

entre o céu e o mar.

Talvez um dia, eu compreenda 

a razão deste querer

por agora sou ave sem rumo 

uma pedra atirada ao rio

uma fogueira que lentamente 

 se apaga na solidão da noite.

Às vezes, só queria ser madrugada 

poder parar o tempo

 e viver para sempre no teu olhar.

Talvez, um dia...


Fernanda Duarte Cabral 

12/11/2024

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