"SAUDADES"
A velha e imponente escadaria de pedra
ocupava o seu lugar defronte do portão.
Os degraus gastos pelo tempo
pelo sobe e desce da pequenada
e pelos pés cansados de recordações
convidava a entrar.
Ia dar a uma varanda com cobertura
onde proliferavam vasos de hortênsias
e jardineiras,
e nos pilares entrelaçavam-se
heras verdes de saudade.
Três janelas pintadas de verde
alinhadas ao longo da varanda
espreitavam, cansadas da solidão.
As velhas cortinas, outrora feitas com carinho
que sorriam ao sol quando as janelas se abriam
ficaram desbotadas pela tristeza.
O candeeiro de ferro que pendia das traves de madeira
irradiando luz,
jaz inerte, coberto pelo pó.
Até o pássaro de coloridas asas
que dormitava na gaiola,
embalado pelo ronronar dos gatos da casa,
que dormiam enroscados
na velha almofada de veludo carmim,
já não está lá.
Agora.....
restam as saudades e as lembranças
da velha escadaria de pedra
cúmplice de beijos, abraços e brincadeiras,
que convidava a entrar,
soltando gorgeios de alegria,
enquanto os raios de sol
timidamente as aquecia.
Fernanda Cabral
20/11/2021
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