sábado, 20 de novembro de 2021

"SAUDADES"

 A velha e imponente escadaria de pedra

ocupava  o seu lugar defronte do portão.

Os degraus gastos pelo tempo

pelo sobe e desce da pequenada

e pelos pés cansados de recordações

convidava a entrar.

Ia dar a uma varanda com cobertura

onde proliferavam vasos de hortênsias

e jardineiras, 

e nos pilares entrelaçavam-se

heras verdes de saudade.

Três janelas pintadas de verde

alinhadas ao longo da varanda

espreitavam, cansadas da solidão.

As velhas cortinas, outrora feitas com carinho

que sorriam ao sol quando as janelas se abriam

ficaram desbotadas pela tristeza.

O candeeiro de ferro que pendia das traves de madeira

irradiando luz, 

jaz inerte, coberto pelo pó.

Até o pássaro de coloridas asas

que dormitava na gaiola,

embalado pelo ronronar dos gatos da casa,

que dormiam enroscados

 na velha almofada de veludo carmim,

 já não está lá.

Agora.....

 restam as saudades e as lembranças

da velha escadaria de pedra

cúmplice de beijos, abraços e brincadeiras,

que convidava a entrar,

soltando gorgeios de alegria,

enquanto os raios de sol

timidamente as aquecia.


Fernanda Cabral 

20/11/2021