À SOMBRA DAS TÍLIAS

Aproveitando a bela tarde de Verão
um casal de namorados passeava
no caminho de terra batida
aproveitando a sombra
projectada pelas tílias.
O sol espreitava tímido
por entre a folhagem verdejante,
enquanto os ramos
descansavam placidamente
sobre as águas calmas do lago.
Bandos de andorinhas
desenhavam círculos no céu azul
como se quisessem abençoar aquele amor
No meio do silêncio
ouve-se o coaxar das rãs
e chega a ternura
acontece o beijo.
Depois....
é todo um jogo de sedução
com a cumplicidade das tílias
que dão a sombra ao lago.

Fernanda Cabral

11/02/2017

SOLIDÃO

A fronte embranquecida pelo tempo
O olhar denso, penetrante
onde moram os últimos
resquícios da juventude
o velho olha pela janela
a tarde sacudida pela chuva.
Sentado na cadeira
forrada a veludo
que o tempo corroeu
chupa avidamente o cigarro
aspirando o fumo
que lentamente solta em espirais
impregnando as paredes do quarto
com um cheiro acre e cinzento
A solidão faz aumentar a dor
por entre os retalhos do tempo
E enquanto a tarde se cala
tudo acontece na caixa da memória

Fernanda Cabral

01/02/2017