sábado, 14 de janeiro de 2017

A MINHA RUA

A minha rua acordava todos os dias
Com perfume a hortelã e fruta madura
Corria célere em direção ao mar
e as suas cores eram o amarelo e o azul
O amarelo da luz do sol e o azul do mar
davam-lhe sombras e matizes
mais parecia uma toalha bordada a ponto sombra.
Logo de manhã era um sob e desce
das leiteiras, das padeiras e peixeiras
que alegremente apregoavam o peixe
que levavam nas canastras
saído nas redes do mar de Espinho
As portas e janelas abriam-se alegremente à sua passagem
É do nosso mar! venha ver freguesa!
Nas tardes solarengas os miúdos traquinas
brincavam alegremente nos passeios de terra batida
ladeados por frondosas árvores
fazendo deslizar os seus carrinhos de rolamentos
a tal velocidade que mais pareciam corredores
de fórmula 1
e... quando o sol começava a esconder-se
as meninas vinham para a rua brincar ao fosforinho
sob o olhar atento das mães que aproveitavam
para colocar a conversa em dia.
Hoje...
A minha rua continua no mesmo sítio
mas perdeu a beleza de outrora
as suas casas senhoriais foram substituidas
por prédios de betão
e as ruas foram atapetadas de cimento
Já não se ouvem os risos das crianças
os cochichos das vizinhas
o chilrear dos passarinhos.
Apenas um gato foge espavorido
procurando um sítio para se esconder.
Hoje...
A minha rua, a rua que eu gostava tanto
e que me adoçava a boca de mel
quando eu abria a janela, desapareceu!
Fica a saudade da rua, que acordava todos os dias
com cheiro a hortelã e fruta madura
A minha rua!

Fernanda Cabral


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