Jorge e Maricas
Jorge é um pobre pateta
De modos parlapatões
Que descende em linha recta
Da nobreza alta e selecta
Dos mais ilustres Barões!
O dinheiro não lhe falta,
E o pesar não o amofina
Faz riso ver o peralta
Quando vai de bota alta
E o chapéu á zamparina
Maria, pelo contrário
Não tem ascendência nobre
Nem brazão nobiliárquico
Tem o labor e o fadário
Que é a nobreza do pobre
Um dia de madrugada,
Seguindo o atalho da azenha
Ia a pequena ajoujada
Levando um molho de lenha,
Nisto, pelo mesmo caminho
Em sentido inverso passo
Vai o orgulhoso fidalguinho
De espingarda e polvorinho
Rede e chumbeiro de caça.
Olá!- brada-lhe arrogante
Parando junto da balsa
O fidalgote farfante
Quem é esta mendicante
Tão suja, rota e descalça
Trazendo os pés num cilício?
Deves popar muito as solas!!!
Magoa-te o sacrifício?
Estão, são ossos do ofício
De quem só vive de esmolas!!!
De esmolas?!!!: volve a Maricas
A que o julgasse dei aso?
Tu, que sem dó me escarnicas
Tens centos de coisas ricas,
Mas cobiçei-tas acaso?
Em sedas não me amortalho,
Não ando á caça também,
Nado posso, nada valho
Mas vivo do meu trabalho
Não peço nada a ninguém!
Sabes que mais? vai caçar!
Mas escuta esta lição!
Eu vivo do labutar
Quem vive sem trabalhar
É que é mendigo,ou ladrão!
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial