domingo, 7 de julho de 2024

" SAUDADE"

 Esta palavra saudade

tatuada na minha pele

a ferro e fogo oprime-me o peito.

Esta palavra, que esvoaça à minha volta

como um bando de andorinhas

num dia de Verão, 

traz-me à memória 

a luz da tua presença.

Ai! se eu pudesse levar a saudade

até ao cume da montanha,

 deixá-la aprisionada numa nuvem,

descer pelo rio do teu corpo,

deixá-lo desaguar na minha foz

e descansar nas tuas margens

perfumadas a feno e alecrim,

não mais sentiria solidão.

Sem ti, os meus dias

são tingidos de cinzento 

e eu anseio por uma réstea de sol

para me aquecer a alma.

Esta palavra saudade

que se diz e desdiz

que canta e embala

que fala e que chora

nunca mais vai embora.

Ai, esta palavra.... 

Saudade!


Fernanda Duarte Cabral 

07/07/2024


" NAQUELA TARDE""

 No princípio foi...

O adocicado da tua voz

que eu sorvia lentamente

como se ouvisse o noturno de Chopin

depois, o calor que emanava

das tuas mãos tão macias

a seguir, os gestos, as palavras, a ternura.

A tua boca sedenta de beijos

que ambos devoravamos

e que recordo com nostalgia.

Naquela tarde, vesti-me de vento

e deixei-me levar como se nada mais

importasse ou existisse.

Voei embalada pela brisa

sorvi o perfume das rosas

e pousei delicadamente

nas pétalas de uma flor.

Não houve princípio nem fim

apenas um sopro de vento

a rasgar a solidão.


Fernanda Duarte Cabral 

07/07/2024